Ponto de Fusão é um documentário que vai abordar um aspecto pouco difundido da cultura de matriz africana, que é a ligação ritualística entre a Capoeira Angola e o Candomblé. Com depoimentos de capoeiristas, alabês, yalorixás, babalorixás (Salvador e New York), sobretudo focando no olhar e fala do Mestre João Grande - um dos mais antigos discípulos do Mestre Pastinha, que atualmente mora em New York e já formou dezenas de capoeiristas espalhados pelo mundo afora que em algumas sequências será o narrador do documentário. Ponto de Fusão vai mesclar as imagens dos depoimentos com rituais do Candomblé e rodas de Capoeira, imagens de Salvador e New York, além de algumas cenas com corpos de bailarinos filmadas em estúdio, takes com berimbaus e atabaques, trazendo para a abordagem uma narrativa poética.
CAPOEIRA ANGOLA E CANDOMBLÉ
No ritual da roda de capoeira Angola o berimbau passa a ser entendido como um objeto envolto de uma aura “sagrada” por ser ele uma via de conexão entre os capoeiristas e seus mestres do passado, funcionando como uma “antena” que conecta homens e entidades espirituais, tal qual funciona o atabaque para o Candomblé. A instância religiosa passou a ser uma fonte de símbolos que, no campo da capoeira, legitima a identidade étnica afro-brasileira.
Um capoeira se apresenta ao jogo e duela numa dança sincrônica a dois. Esse jogo é o invocador das entidades divinas. Quanto mais bem jogada é a capoeira mais a presença dos Orixás estão ali no ritual e na dança do jogo.
Esta é uma abordagem original e específica que até mesmo muitos pares da Capoeira e adeptos da tradição religiosa do Candomblé desconhecem. O audiovisual pretende trazer esclarecimentos sobre essa ligação, mostrando também a perseguição que tanto a Capoeira Angola como o Candomblé sofreram em alguns períodos da sua história, ao mesmo tempo que redimensiona a importância da arte da Capoeira Angola como um dos pilares da riqueza e resistência do povo de ascendência africana na Bahia, onde o Mestre Pastinha é a referência fundamental.